quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os problemas são vistos de uma outra ótica...


Hoje, 6 meses depois do diagnóstico, já vivi momentos inesquecíveis pela grandeza e pelo sentido que atribuo a eles e os vivo.

Depois de um diagnóstico de câncer a vida muda,

os valores mudam,

o sentido das coisas mudam,

as palavras ditas e ouvidas mudam,

o sorriso,

a lágrima...

É uma nova vida!

Uma vida onde o valor das coisas estão dissociados da imponência com que elas acontecem,

o sentido da vida está unicamente em estar vivo...em respirar!

Os valores que atribuo as coisas são diretamente proporcional ao fato de estar vivendo aquele momento, bom, ou ruim, mas estar vivendo!

As palavras parecem ganhar um sentido diferente, onde a gratidão a Deus se torna a expressão mais constante de minha voz.

O meu sorriso é bem mais feliz! Motivos para sorrir, encontro no fato de estar aqui, agora, escrevendo...

A minha lágrima é um misto de sentimentos, onde a gratidão a Deus sempre é o que mais prevalece.

O prazer de ver a chuva cair, de sentir o calor do sol na pele, de ver o entardecer e com ele mais um dia findando é indescritível!

Acordar cada manhã é uma festa!

Eu tenho uma nova vida!

Uma vida que nasceu diante da grandeza de uma doença ameaçadora e que só quem vive isso é capaz de entender completamente tudo que falo aqui.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meus filhos, o amor maior...


BLOG


Olhar o câncer com os olhos de mãe, foi ai o pior angulo que encontrei para encarar o câncer.
Eu mãe de quatro (4) filhos e uma doença tida como ameaçadora.
E se eu partisse e deixasse meus filhos?
Como seria a vida deles?
Foi muito difícil encontrar um ponto de equilíbrio pra essa situação.
Esse foi verdadeiramente o meu maior dilema.
Mas um dia observando-os enquanto dormiam pensei:
Eu os amo mais que qualquer coisa no mundo, mas eles não têm na vida só esse amor.
Eles têm o amor de Deus que os amparará.
Mas creiam isso não aquietou meu coração, e foi ai que me percebi fraca em minha fé, então continuei buscando algo mais pra me consolar a dor que o receio de deixá-los me trazia. E não encontrei esse consolo. Dai comecei a me sentir impotente diante da angustia causada pela possibilidade da separação. E um dia eu entendi que pra essa dor não existe consolo, porque o sentimento que mais se aproxima do que Deus tem por nós é o amor de mãe. E esse amor tão bem vivido por mim, não queria dar lugar a conformação diante de uma separação, esse amor materno gritante em mim queria chorar, desesperar-se e suplicar, então me veio à mente, tai algo que posso fazer: Pedir a Deus que me deixe cuidar dos meus filhos. Foi o que fiz: pedi com toda força do meu coração. Daí ficou possível conviver com o receio de deixá-los, pois cada vez que esse fantasma se aproximava eu pedia:

Senhor, me deixa cuidar dos meus filhos.
O Senhor me concedeu a graça e a responsabilidade de cuidar de quatro (4) filhos, filhos que antes de serem meus, são seus.
E sei o quanto o Senhor os ama!
Então deve saber que ninguém nesse mundo melhor que eu (mãe) para cuidar deles.
Deixe-me envolvê-los com o meu amor, suprir as necessidades deles vê-los crescer com saúde e nada mais tenho a pedir-te.


Só assim consigo equilibrar o medo e a fé. E no final ainda me dou ao luxo de não me considerar fraca, pois justifico tudo colocando a ameaça que vi diante da doença de um lado e do outro, o imenso amor de mãe e um desejo desenfreado de cuidar dos meus filhos, ai consigo justificar tudo. Pois amor de mãe é grande em todos os sentidos e envolve todo desejo de felicidade, e isso não é egoísmo, isso é só a revelação de um amor maior que eu, mais forte e eterno.

Alencar
Priscila,
Margareth
e
Catarina

vocês são a expressão exata do maior e mais nobre sentimento do meu coração.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

POSTAGEM DE UMA AMIGA, COMPANHEIRA DE LUTA, Silvia Regina

LUTAR SEMPRE...RENDER-SE JAMAIS

Há três anos e meio atrás era apenas uma Soldada e fui convocada para lutar em uma guerra onde a maioria que já haviam participado não conseguiu voltar.

Sabia que seria para mim a pior luta já travada. Meu inimigo era implacável e conseguia aniquilar seu oponente em pouco tempo.

Confesso que senti muito medo, pois sabia o quanto poderia ser letal participar desta guerra. No início fiquei totalmente perdida, não tinha nenhuma estratégia e nem armas para tentar combater esse inimigo tão gigantesco.

Demorou um pouco para decidir-me a entrar de vez nesta batalha, mas finalmente resolvi encara-lo de frente, era tudo ou nada.

A partir desta decisão, começaram a aparecer vários aliados, dispostos a me ajudar a derrotar meu maior inimigo.

Alguns me mostraram estratégias, outros, armas poderosas e de última geração, alguns demonstraram solidariedade e apoio psicológico.

Pronto, já estava preparada para ir para a grandiosa guerra.

No campo de batalha houve uma verdadeira destruição, fui mutilada, sentia dores ás vezes insuportáveis, passavam vários dias sem me alimentar direito e por mais que eu lutasse não conseguia vencer meu oponente que se multiplicava cada vez mais.

Finalmente chegaram as armas mais modernas e poderosas. Fui promovida a Cabo e realmente apostei tudo nestas armas, para mim a mais poderosa era a Quimitaxol que tinha como objetivo destruir o inimigo, foi um bombardeio, chegou a Braqui também muito poderosa, capaz de acertar o meu inimigo na sua base, e finalmente a Radio, bastante poderosa também, porem causava grandes danos aos soldados que estavam próximos.

Fui promovida a Sargento e comecei a perceber que meu oponente já não estava tão forte como antes, e isto fez com que eu ficasse mais confiante.

Continuei a lutar de forma incessante, não dando espaço para nenhum contra ataque por parte do oponente. Utilizei até poderes da mente para influenciar meu adversário. Fui promovida a Tenente.

Finalmente posso dizer que estou vencendo esta batalha, houve sim muitas perdas nesta trajetória, mas como em todas as guerras isso é inevitável.

Posso dizer com muito orgulho que nesta guerra eu fui o ALVO.

Faço parte do exército de DEUS

E meu inimigo implacável foi o CÂNCER

Lutar sempre, render-se jamais.


Experiência vivida por: Silvia Regina Araújo Paula

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Meu casamento e o câncer


Quando me deparei tendo que conviver com todas as turbulências iniciais de um diagnóstico de câncer e paralelo a isso um casamento, um amor muito grande, todas as promessas de amor feitas em uma relação duradoura e o desejo de viver mais tudo que esse amor me proporciona, não posso negar a inquietude que essa situação me trouxe...

E ai veio um consolo, uma confirmação de um amor maior, mais bonito e mais forte do que eu tinha consciência.

Um amor capaz de vencer barreiras...

De unir forças para lutar contra uma coisa grande em sua força e maior na sua capacidade de assustar: um câncer.

Vi esse amor solidário nas horas de dor,

Companheiro nas lutas,

Consolador no desespero,

Amigo diante das incertezas,

Carinhoso no dia a dia,

Compreensivo diante dos limites impostos pela doença...

Fortalecedor diante do medo...

Vi o quanto somos um!

Entendi que não era o fim, mas sim um recomeço, comecei a prestar atenção nas coisas que a doença me mostrava e vi o que tudo isso fazia parte do meus dias, mas eu, na cegueira natural daqueles que se julgam acima do bem e do mal, daqueles que se consideram intocáveis, não via.

Entendi que podia tirar lições daquilo que estava vivendo, que o câncer não me trouxe apenas dor, desespero, angustias, medo, mas ele me trouxe um jeito novo de ver e viver a vida.

E mais uma vez senti o conforto do amor de Deus e me deixei levar por esses caminhos novos que a vida me impôs. Vou percorrê-los. Mas vivendo intensamente tudo, sem perder a oportunidade de ser DULCINEA em toda extensão do meu ser.

domingo, 25 de outubro de 2009

O tempo e o câncer

... E o tempo passa!
E as coisas vao se ajeitando na nossa vida. A gente aprende a conviver com a nova rotina de exames. Uns dão bons, outros nem tanto e assim vamos seguindo em frente...
E eu comecei a notar que ate entao vivia uma nasiedade muito grande, deixava de viver o dia de hoje em função do dia de amanhã, ai percebi o meu erro: estava eu lutando pra viver, mas não vivia com a intensidade cabível o dia de hoje, o dia que eu ja tinha, mas eu esperava o amanhã. Então parei outra vez e analizei: Quanto tempo perdi! Quanta coisa deixei de viver pensando no depois, um depois que nem eu nem ninguem tem certeza existir.
... Então resolvi, tenho que viver o hoje, que me é dado por Deus com toda intensidade, com toda alegria, não posso desperdiçar coisas preciosas que cada dia tras pra mim... pessoas, sentimentos, lugares... Isso é a vida!
E é assim que quero viver:
com naturalidade,
com o acumulo das minhas experiencias fruto dos meus anos vividos,
com paciencia de viver dia após dia, porque assim é a vida... o tempo!
Quero viver...
tudo que me for reservado viver..alegrias e tristezas, pois só assim serei eu inteiramente e terei vivido a vida que Deus me deu em toda sua plenitude.
Tenho cicatrizes que a vida fez. Mas quem nao as tem?
Tenho problemas. Mas fazem parte da construção, do engrandecimento...
Tenho também marcas de alegrias...
Tenho frutos (4 filhos), que são a razão maior de tudo
Tenho um amor. Um grande amor (o meu marido) que é tudo que pedia a Deus pra viver.
Tenho sonhos
Tenho muitas coisas que o cancer não pode tomar de mim, dentre essas a minha vida, pois esta só Deus pode finalizar.

Diagnóstico

Uma grande surpresa!
Uma vida "normal" e de repente um diagnóstico de cancer.
Muda tudo!
O mundo desaba!
Todas as coisas da vida passam diante de vc em um minuto. Eu lamentei nao ter feito coisas...me arrependi de coisas que fiz.
Um mundo de perguntas surgiram na mente.
Tantas sem respostas e de repente um vazio...um medo...
E andando sozinha na rua me perguntei: Porque?
... porque eu?
Mas de repente essa pergunta nao ficou sem resposta, e essa resposta veio mais ou menos assim:
Por que nao comigo? Porque outra tantas pessoas teem cancer e eu nao posso ter?
O que eu sou mais que tantas pessoas que neste momento convivem com isso?
E veio uma conformação ate entao desconhecida pra mim. Eu jamais tinha me sentido tao confortada, então entendi nessa hora o que é o amor de Deus. Vi o meu Deus me confortando diante de um problema imensamente grande em relação a tantos outros pequenos problemas ja vividos por mim e que eu me desesperei. E agora diante de uma coisa dessa dimensão: um cancer, eu me vi confortavel e aceitando.
Ai ficou mais fácil, comecei a atentar pra tantas outras coisas boas que estava vivendo paralelamente a doença.
Não que nao tenha tido recaídas, momentos dificeis de aceitar. Mas que tinha a cada recaida uma tábua de salvação pra me agarrar e é assim que enfrento cada novo dia.
Feliz...triste...com medo...com esperanças...
Mas sempre com muita fé e reconhecimento do amor infinito e incondicional de Deus por mim.